Por Jô Cardozo
Há tempos eu não ia a uma peça de teatro, pois confesso que é algo, hoje em dia, que tem que me prender muito. Um amigo, que trabalha como Vj na peça “Renato Russo” me convidou para ir nesse espetáculo. Eu topei na hora, toda minha infância passara escutando Legião por causa de minha irmã mais velha, apesar de conhecer pouco sobre a pessoa como indivíduo eu o conhecia mais como músico.
Quando começou a peça, confesso que fiquei um pouco frustrada, por ver um cara como o plágio de Renato Russo, cabelos e barba pintados como os do próprio e a voz nada parecida com a do original. A banda Arte Profana tocava atrás do palco, e quando se fechava os olhos parecia o verdadeiro Legião Urbana, mas só a banda mesmo...
Logo depois, começou a peça e o mais engraçado, fui me envolvendo e me prendendo. O cara gesticulava e falava igual ao Renato Russo (alto, palavrões, gírias, a maneira de cantar), então, percebi o momento da incorporação, quando o ator Bruce Gomlevsky se desprendia do seu “Eu” e encarnava o maior cantor e compositor do Rock Brasileiro da década de 80. Eu olhava para os lados e percebia, o mesmo olhar que o meu. Pois é! Realmente, eu estava impressionada com tal atuação, confesso que é difícil imitar alguém e ainda mais fazendo um “monólogo”, que é a minha preferência como peças de teatro.
A peça é simplesmente incrível! Assistir como era a vida da pessoa, os seus problemas e frustrações sendo interpretadas. Entre o intervalo das músicas e as atuações o mais interessante é que a peça me deixou tão entretida, que depois até perguntei para os amigos que foram comigo se a sensação deles era a mesma que tive de que, com o passar do tempo ali naquele período de quase duas horas, a voz do Bruce se tornara idêntica a do Renato. Você até acredita que é ele mesmo que está ali cantando e falando, sem imitação, que é real. Foi absurdamente espetacular sentir e ver isso. Era simbólico ver Bruce se alisando, deitando no chão e se arrastando como Renato fazia em diversos shows já vistos. Cheguei a chorar quando vi, tamanha a crença no que estava assistindo.
Quando começou a peça, confesso que fiquei um pouco frustrada, por ver um cara como o plágio de Renato Russo, cabelos e barba pintados como os do próprio e a voz nada parecida com a do original. A banda Arte Profana tocava atrás do palco, e quando se fechava os olhos parecia o verdadeiro Legião Urbana, mas só a banda mesmo...
Logo depois, começou a peça e o mais engraçado, fui me envolvendo e me prendendo. O cara gesticulava e falava igual ao Renato Russo (alto, palavrões, gírias, a maneira de cantar), então, percebi o momento da incorporação, quando o ator Bruce Gomlevsky se desprendia do seu “Eu” e encarnava o maior cantor e compositor do Rock Brasileiro da década de 80. Eu olhava para os lados e percebia, o mesmo olhar que o meu. Pois é! Realmente, eu estava impressionada com tal atuação, confesso que é difícil imitar alguém e ainda mais fazendo um “monólogo”, que é a minha preferência como peças de teatro.
A peça é simplesmente incrível! Assistir como era a vida da pessoa, os seus problemas e frustrações sendo interpretadas. Entre o intervalo das músicas e as atuações o mais interessante é que a peça me deixou tão entretida, que depois até perguntei para os amigos que foram comigo se a sensação deles era a mesma que tive de que, com o passar do tempo ali naquele período de quase duas horas, a voz do Bruce se tornara idêntica a do Renato. Você até acredita que é ele mesmo que está ali cantando e falando, sem imitação, que é real. Foi absurdamente espetacular sentir e ver isso. Era simbólico ver Bruce se alisando, deitando no chão e se arrastando como Renato fazia em diversos shows já vistos. Cheguei a chorar quando vi, tamanha a crença no que estava assistindo.
Bruce coloca na veia no espectador toda a história de Renato. Entre linhas, conta primeiramente sobre sua vida no Rio de Janeiro, depois sua ida para os EUA com a família, o que explica seu inglês fluentemente. Conta quando voltou a morar um tempo no Rio de Janeiro e sua família resolve ir para Brasília. Com 15 anos descobriu-se que Renato possuía uma doença rara chamada “epitisiólise” (uma doença óssea), em que ele passa um bom tempo na cadeira de rodas e deitado, sem nenhum movimento. Logo depois, ele viera a descobrir que tinha que transformar suas poesias e que poderia transformá-las em músicas, o que dava mais motivação para sua melhora. Em seguida o envolvimento com drogas, mulheres, homens. Sua inserção na primeira banda chamada “Aborto Elétrico” (antes da Legião) com Felipe Lemos e André Pretorius. Um profeta que antevia tudo o que podia acontecer de uma situação que ele convivia ou veria um tempo depois.
A cada passagem que o Renato teve em sua vida, ele escrevia uma história e transformava em música como Eduardo e Mônica, Geração Coca-Cola, Ainda é Cedo, Tempo Perdido, Será... Toda essa mistura dava o sucesso da Legião Urbana com Marcelo Bonfá, Renato Rocha, Dados Villa-Lobos e o próprio Renato Russo... Começaram os diversos shows por Brasília, que era a cidade do desespero para bandas de rock, pois a educação era pouca para dias de eventos... Muita revolta, década dos anos 80, jovens totalmente rebeldes, não tinham limites e nem noção para assistir ao show e mesmo eles sendo a banda de rock brasileira mais famosa daquela época, também não passavam batidos pela injúria da galera de Brasília... Em homenagem, a todo esse transtorno ele fez a música “Que país é esse?”, na qual relatava que ninguém respeitava a constituição e mesmo assim acreditava no futuro da nação, um fato que acho que até ele mesmo acreditava.
Em outro momento de frustração, Renato resolve ir para fora do Brasil, pois dizia que aqui não havia mais respeito pelos músicos e que não estava dando dinheiro, porque os shows estavam totalmente defasados e ele precisava se distanciar para trazer um novo trabalho. Nos EUA, conhece Scott que se torna seu amigo e o leva para o mundo da heroína. Renato acaba se apaixonando por Scott com quem ficou um bom tempo.
Com a queda das poupanças do Governo Collor, ele diz que tem que voltar, pois teria que fazer algo, levantar uma grana com shows. Estava começando a falir, a venda de seu cd italiano ainda não havia feito tanto sucesso e também porque descobriu que seu filho havia nascido e que a mãe dele havia morrido, ele pede a Scott que volte com ele para o Brasil. Chegando aqui, ele pega seu filho recém-nascido assume sua paternidade, leva-o para a família e assume também sua homossexualidade, tornando-a pública. Depois ele faz a música, Pais e Filhos em homenagem ao nascimento do seu filho em que relata que a mãe da criança se atirou de uma janela... Com depressão pós parto (acho que era isso)...
Gravou mais dois cds antes de vir a falecer, o italiano, totalmente dedicado ao Scott e mais um com a Legião. Logo depois, entra em depressão profunda devido a sua crise amorosa, compondo a música de sucesso nacional Vento no Litoral.
Diante de tudo que redigi, subtende-se que uma pessoa (que no caso sou eu), que não sabia nada da história da vida de Renato Russo, hoje pode contar a vida dele, porque parece que sentei com ele durante uma entrevista de duas horas e agora faço parte do vínculo de amizade de Renato Russo. Isso se dá, por um trabalho tão perfeito feito pelo ator Bruce depois de uma pesquisa de mais de 5 anos e com o apoio total da própria família de Renato. Tive a oportunidade de trocar uma idéia bem rápida com o Bruce onde eu soube desse detalhe da pesquisa dele e como ele montou a sua equipe. Hoje na verdade a venda da peça, quase nem acontece mais, pois já é contratada automaticamente. Se o cara quiser ficar fazendo isso a vida toda, tá feito.
O mais interessante foi conversar depois com a equipe e saber da receptividade da peça em cada cidade. Eles disseram que no Rio de Janeiro todos os dias esgotam, mas que é mais impressionante quando fazem show no Centro-Oeste, Sul e Nordeste, onde as pessoas não ficam sentadas como em um teatro normal, eles se levantam, pulam e cantam como se fosse mesmo um show da Legião e que por diversas vezes o Bruce acredita ser o próprio Renato e estende o show cantando diversas músicas pedidas pelo próprio público.
Quando eu gosto de um trabalho também procuro pesquisar sobre, saber mais e ainda sim, espalhar para todos, o quanto é bom e vale à pena gastar uma grana para assistir uma peça que está campeã de bilheteria pela 3ª vez na cidade do Rio de Janeiro, no Teatro João Caetano. Dirigida por Mauro Mendonça Filho que dito por ele, o ator Bruce Gomlevsky, “recria a alma, e não a imita".
Jô Cardozo
aluna da oficina de teatro da Cia. Tumulto
jo_cine_roteirista@oi.com.br
Visite o site:
http://www.renatorusso.com.br/
7 comentários:
Amigos,
Fiquei muito emocionada em ter um texto publicado, em um Blog de grande importância como o da "Cia Tumulto" ... Esse espaço aberto, me torno realizada, em ter uma crítica minha publicada, pois confesso para vocês, que quando o Quak me pediu para que eu fizesse um texto e escolher um tema que era: " A última peça de teatro que fui", tive que assistí-la novamente a para ver se era coerente tudo que vocês acabaram de ler aqui. Espero que esse espaço para os escritores da Cia possa crescer cada vez mais ...
Agradeço a amizade de Quak por me dar essa oportunidade e de todos vocês,participar dessa família foi mais que uma realização, foi ter pessoas que me mostraram que é possível sonhar e correr na frente para alcançar ...
Vocês são amizades que jamais fiz como antes (tão rápido), essa é a CIA de Teatro Tumulto ... como poucos sabem tenho sonhos que não podem ser adiados!! Mas sempre que puder estarei por perto de vocês.
Jo Cardozo
Essa é minha amiga...
Amei o texto o qual muito me incentivou a assistir a peça.Como sempre, querida amiga, as suas dicas nas áreas culturais são ótimas!
Cassia
Harmonicanto Musica e Cidadania
Muito bom seu texto. Digno de uma exímia jornalista. Essa menina vai longe, rs. Bjs e muito sucesso p/ vc!!!
Jo
Muito bom o seu texto
Eu não assiti a peça
Mas tinha algum conhecimento sobre a vida do Renato Russo.
E é tudo isso que vc falou...
Beijão
Estou orgulhosa da minha sobrinha Joana. Sensível, inteligente, solidária, engajada socialmente, e agora demonstrando ser uma ótima cronista.
Parabéns
Tia Vera
Muito Boa a sua crítica, pois você foi clara, concisa e transmitiu o que realmente você queria transmitir. O importante é que você se expressou com embasamento na vida e obra do nosso querido Renato Russo e concluiu demonstrando a diferença da "cópia" de uma biografia da biografia com inovação e criatividade, como você escreveu "recria a alma, e não á imita". Lembrando que todos desta peça teatral são grandes profissionais e o legal é que você conversou com algums deles, fazendo com que este texto seja mais sério e importante para você e para nós.
Beijos
And®é F®anco ®eis
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