RIO: O TAMBOR CULTURAL QUE NÃO FAZ BARULHO, TERRITÓRIO ONDE A "SEGURANÇA" MATA ATÉ ARTE
Que tambor é este que não toca e não embala o bloco da preservação e recuperação do seu patrimônio cultural?
Que tambor é este que não embala com mais força e mais investimentos públicos os movimentos culturais periféricos que vêm assumindo a tarefa de construir identidades e atuar de maneira positiva na inclusão produtiva de jovens daqueles territórios marcados pela violência?
Que tambor é este que não toca a marcha fúnebre, quando a polícia e o seu mais novo brinquedo - o "Caveirão Voador" - invade (na última sexta-feira) a comunidade da Serrinha em Madureira para realizar operações e destrói a Escola de Jongo do Grupo Cultural Jongo da Serrinha, de acordo com informações da coordenadora executiva do grupo Dyonne Boy?
A polícia matar gente tem sido algo que a população carioca assiste com passividade. Há até setores da sociedade carioca que aplaudem esta lógica de combate ao crime e, dão forma à massa "crítica" que na realidade é o estrato da mediocridade sócio-política da cidade que sustenta no inconsciente a idéia de que é politicamente correta.
Parece que ceifar vidas, desrespeitar os direitos humanos e transgredir direitos dos estratos empobrecidos, pretos ou quase pretos da cidade, já não é tão inovador para a política de segurança em nosso Estado. A nova modalidade de execução agora é eliminar, com o aparato repressor, tradições culturais, pois destruir um espaço de preservação da memória afro-brasileira, de preservação da cultura do jongo, que atua na Serrinha como ferramenta pedagógica de educação e desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens é a demonstração de que esta nossa polícia é capaz de matar qualquer coisa que vê pela frente.
Pena que não confiaram naquele coronel (denunciado pelo Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas), que atou na guerra do Complexo do Alemão, e que disse que o remédio para a dengue era a polícia. Bom, se eles conseguem investir para matar um patrimônio imaterial, matar mosquito com armas de fogo fica parecendo coisa fácil.
Este tambor não toca mais, pois resistiu à voz de prisão em outros tempos como na ditadura militar, mas foi assinado com um tiro de fuzil. Que seja lavrado o auto de resistência, uma tradição de cultura popular resistiu e levou uma saraivada de tiros.
Alô artistas, produtores e agentes culturais, estejamos atentos, assim vamos saber melhor redigir a mensagem da coroa de flores da próxima arte e/ou linguagem que o nosso medo vai enterrar.
JUNIOR PERIM
Coordenador Executivo da ONG Crescer e Viver -------------------------------------------------------------------------------------
(21) 8669-1830
Que tambor é este que não toca e não embala o bloco da preservação e recuperação do seu patrimônio cultural?
Que tambor é este que não embala com mais força e mais investimentos públicos os movimentos culturais periféricos que vêm assumindo a tarefa de construir identidades e atuar de maneira positiva na inclusão produtiva de jovens daqueles territórios marcados pela violência?
Que tambor é este que não toca a marcha fúnebre, quando a polícia e o seu mais novo brinquedo - o "Caveirão Voador" - invade (na última sexta-feira) a comunidade da Serrinha em Madureira para realizar operações e destrói a Escola de Jongo do Grupo Cultural Jongo da Serrinha, de acordo com informações da coordenadora executiva do grupo Dyonne Boy?
A polícia matar gente tem sido algo que a população carioca assiste com passividade. Há até setores da sociedade carioca que aplaudem esta lógica de combate ao crime e, dão forma à massa "crítica" que na realidade é o estrato da mediocridade sócio-política da cidade que sustenta no inconsciente a idéia de que é politicamente correta.
Parece que ceifar vidas, desrespeitar os direitos humanos e transgredir direitos dos estratos empobrecidos, pretos ou quase pretos da cidade, já não é tão inovador para a política de segurança em nosso Estado. A nova modalidade de execução agora é eliminar, com o aparato repressor, tradições culturais, pois destruir um espaço de preservação da memória afro-brasileira, de preservação da cultura do jongo, que atua na Serrinha como ferramenta pedagógica de educação e desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens é a demonstração de que esta nossa polícia é capaz de matar qualquer coisa que vê pela frente.
Pena que não confiaram naquele coronel (denunciado pelo Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas), que atou na guerra do Complexo do Alemão, e que disse que o remédio para a dengue era a polícia. Bom, se eles conseguem investir para matar um patrimônio imaterial, matar mosquito com armas de fogo fica parecendo coisa fácil.
Este tambor não toca mais, pois resistiu à voz de prisão em outros tempos como na ditadura militar, mas foi assinado com um tiro de fuzil. Que seja lavrado o auto de resistência, uma tradição de cultura popular resistiu e levou uma saraivada de tiros.
Alô artistas, produtores e agentes culturais, estejamos atentos, assim vamos saber melhor redigir a mensagem da coroa de flores da próxima arte e/ou linguagem que o nosso medo vai enterrar.
JUNIOR PERIM
Coordenador Executivo da ONG Crescer e Viver -------------------------------------------------------------------------------------
(21) 8669-1830
4 comentários:
É entristecedor e revoltante perceber um claro desejo de aniquilar toda a forma de resistência da cultura popular. E como pouco fazem os grandes artistas, além dos cariocas contra isso.
O Jongo da Serrinha possui um trabalho abrangente, porque se relaciona com várias idades e fala sobre diversas questões, maravilhoso e rico demais para que seja tratado como qualquer coisa.
O carioca precisa enxergá-lo além do senso estético e de entreternimento, mas o que ele realmente oferece de crescimento e mudança de paradigmas para crianças e jovens. Mudar muitas idéias que pairam no "senso comum" e das quais se utiliza pra não se expor e mostrar sua indignação por atitudes repreensivas e violentas como esta da polícia.
Eu gostaria de saber aonde as pessoas enxergam com essa clareza esse desejo de aniquilar. Quem? O que? De que cultura estamos falando? Os cariocas? E esses fazem alguma coisa pela cultura? Conhecem Parintins? Caprichoso? Vermelho? Bumba-meu-boi? Carnaval fora de época? Recife? Olinda? Manaus? índios? Pantanal? Jacaré? Saci pererê? Chimarrão? Folclore? Lenda? Cantiga?? Ah, me poupem..
Ou ataca a polícia. Ou ataca os cariocas. Ou ataca o resto do Brasil. Ou ataca a cultura.
Os quatro num texto só, sem saber o que tá dizendo é demais pro coração de um leitor brasileiro.
Postar um comentário