Nós Somos

A Cia. de Teatro Tumulto, formada por atores da Cidade de Deus e de outras comunidades do Rio de Janeiro está ligada diretamente à CUFA , sob direção geral de Anderson Quak e Liz Oliveira.
Tem como objetivo primordial ofertar novas telas e óticas para o teatro brasileiro. Reforçar os laços de cultura com a população de acesso restrito. Como lema, os atores adotaram a máxima:
Tumultuar. Contrariar o óbvio. Impressionar. Desconcertar. Mexer com quem está quieto.”
São produções de qualidade, propostas inovadoras, num teatro comunitário ousado e uma arte comprometida com as questões do homem contemporâneo.
O núcleo de dramaturgia se prolifera a cada movimento distinto em classes especializadas para jovens e crianças.
Promove o intercâmbio cultural, por meio de mesas de relacionamentos, debates, encontros artísticos e governamentais, e marca sua presença na inserção sócio-cultural.
Conquistou o apoio cultural de representantes do teatro brasileiro, como Lázaro Ramos, Maria Padilha, Babu Santana, Mariana Ximenes, Guida Viana, Thais Araújo, Tereza Gonzalez e muitos outros tumultuadores.
A inserção de parcerias, apoios e patrocínios, por partes privadas ou governamentais, contribuirão para a expansão e profissionalização teatral, com efeito multiplicador comunitário.
Mundo afora, a Cia de Teatro Tumulto recebe o apoio da Secretaria da Cultura do Governo do Estado.

Capítulos Artísticos

· Prazer em Família

· Paranóia Carioca
· Carroça da História
· Paparutas
. Navio Negreiro
· A Nóia da Paranóia
· Papo Calcinha

. Burgues da Lata

domingo, novembro 23, 2008

Encaixe Perfeito


A Cia. Tumulto, na aula de sábado (8), foi agraciada com as presenças do ator e dramaturgo Daniel Chagas, do Grupo Milongas, e o ator Rafael Queiroga, do Z.É.-Zenas Improvisadas. Fazendo uma referência ao conteúdo que nos foi transmitido, classificar esse encontro como bom seria pouco. Foi ótimo!!!! Digamos que foi o "encaixe perfeito" entre trabalho corporal e improvisação.

Vimos o quanto é importante a preparação de um dos nossos principais instrumentos de trabalho O CORPO, vimos também que é um trabalho árduo. "Os atores são como atletas, a cada dia temos que aprimorar a nossa técnica. Eles treinam todos os dias para bater o próprio recorde, mesmo que seja em 1 milésimo", nos explicou Daniel Chagas.

Disciplina é o primeiro impulso. Com disciplina na nossa preparação chegaremos a um ponto em que a nossa técnica se tornará subconsciente e automática, como respirar, que também exige técnicas para termos fôlego, principalmente na hora em que alguma representação nos pede a junção da ação com a fala ou o canto. Musical é um grande exemplo.

O corpo em determinados momentos vale mais que as palavras. Por exemplo, se seu corpo não condiz com o que você está representando é um "CORPO MORTO", por isso são essenciais os exercícios de respiração e alongamento, a preparação vocal. Importantíssimos para o aperfeiçoamento constante do ator, para que o seu corpo na hora da representação esteja em total harmonia com você, seu personagem e com o trabalho que está sendo mostrado.

Os exercícios de improvisação mostram o quanto temos que estar atentos ao que parceiro fala, ao momento em que se vai falar, à história com início meio e fim, com conflitos, como eles serão resolvidos ali na hora. O foco é muito necessário, sem ele a verborragia predomina, a história não tem pé nem cabeça. Por isso é importante estar atento à fala do seu parceiro. Não seja platéia. Não tente só você fazê-la rir ou chorar, todos têm que fazer. A concentração é fundamental e a harmonia de grupo também.
De acordo com Daniel Chagas, "ninguém é insubstituível, mas somos únicos", então façamos a “unimultiplicidade” que é o Teatro.


Paula Pardon
Atriz da Cia. de Teatro Tumulto
paulapardon@pop.com.br


Visite o site:
http://www.grupomilongas.com/index.html

http://www.zenasemprovisadas.com.br/

domingo, novembro 16, 2008

Novas manifestações culturais


A manifestação cultural é, sem dúvida, a voz social, uma maneira do ser humano expor seu interior, o que pensa, o que deseja fazer, mover, ou modificar, numa busca incessante pelo novo e em prol da vida. Várias são as formas de se expressar, na telona, na TV, na literatura, na música, na dança e em outras muitas perform
ances.

O que se observa atualmente é que a manifestação popular tem conquistado espaço na mídia, o que não acontecia antigame
nte, devido à influência da classe alta. A cultura "do morro e da favela" ganhou as ruas e o Brasil com o funk, grupos de teatros, novos cantores românticos e até bailarinos.

O Grupo Cultural Afro-Reg
gae é um exemplo vivo de que a arte derruba barreiras e possibilita a realização de sonhos.


Nascido na favela de Vigário Geral, o Grupo Cultural AfroReggae é exemplo de sucesso no uso da música em prol de uma causa nobre. Ao oferecer uma formação cultural e artística para jovens moradores de comunidades, o projeto os ensina a construir cidadania e a escapar do caminho das drogas e do desemprego.

Apesar de lidar com diferentes atividades, por meio de oficinas, a música é considerada o melhor instrumento para atrair os jovens à participação. Além de um grupo de sucesso, a Banda AfroReggae pode ser vista, hoje, como um modelo de projeto social. Por essa razão, mais três grupos musicais já estão se formando em Vigário Geral: Banda Makala Música e Dança, Afro Lata e Afro Samba.

Coordenador de percussão do Grupo Cultural AfroReggae e percussionista da Banda AfroReggae, Altair Martins vê na música uma forma de quebrar barreiras.

“A música é un
iversal, dispensa idiomas. Não só no Brasil, mas no mundo todo, ela aproxima classes sociais totalmente diferentes e acaba com problemas de comunicação e relacionamento.”

Para Altair, a música é responsável por criar oportunidades e elevar a auto-estima de jovens e crianças.

“A música é o instrumento de agregação e transformação de quadros críticos da sociedade”.

E, investir no potencial artístico de jovens, levando educação, arte e cultura a lugares marcados pela violência é uma forma de criar oportunidades para aqueles que sofrem com o preconceito e a discriminação.

Outro artista que também surgiu na comunidade e está ganhando o Brasil é o cantor romântico CHARLYS DA ROCINHA. Ele começou a cantar aos 18 e se inspira em Roberto Carlos.

CHARLYS DA ROCINHA já vendeu mais CD’s que Roberto Carlos na favela da Rocinha, Zona Sul do Rio, onde mora. O seu CD já bateu a marca de 300 mil cópias vendidas e sua música está em primeiro lugar em vários estados do país. Tanto é que em 2006 realizou 275 shows entre a cidade de São Paulo e os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins.

Agora CHARLYS DA ROCINHA vem com DEZ MOTIVOS, seu mais recente trabalho, quarto cd no estilo forró, cuja música de trabalho, também chamada Dez Motivos, já vem sendo tocada em várias rádios por todo o país, principalmente no norte e nordeste, onde ocupa os primeiros lugares em
execução.

Se de um la
do a música desce o morro e invade o país, de outro a TV continua ditando a moda. Através dos personagens das famosas novelas, a indústria da confecção tem altos e baixos em suas vendas.

Hoje, no âmbito geral, pode-se considerar que a chamada “classe baixa” está ganhando espaço na divulgação de sua arte em diversos segmentos culturais. É difícil prever o futuro de cada manifestação, em razão de que cultura se manifesta a cada momento, em cada classe social, seja em uma música, em uma coreograf
ia, numa peça teatral, num poema... Enfim, o futuro da cultura é o presente, e o presente se faz a cada momento.


Stéphanie Alves
aluna
da oficina de teatro da Cia. Tumulto
stephanieealves@hotmail.com


Visite os sites:
http://www.afroreggae.com.br/
http://www.flogao.com/charlysdarocinha

Por Jô Cardozo


Há tempos eu não ia a uma peça de teatro, pois confesso que é algo, hoje em dia, que tem que me prender muito. Um amigo, que trabalha como Vj na peça “Renato Russo” me convidou para ir nesse espetáculo. Eu topei na hora, toda minha infância passara escutando Legião por causa de minha irmã mais velha, apesar de conhecer pouco sobre a pessoa como indivíduo eu o conhecia mais como músico.

Quando começou a peça, confesso que fiquei um pouco frustrada, por ver um cara como o plágio de Renato Russo, cabelos e barba pintados como os do próprio e a voz nada parecida com a do original. A banda Arte Profana tocava atrás do palco, e quando se fechava os olhos parecia o verdadeiro Legião Urbana, mas só a banda mesmo...

Logo depois, começou a peça e o mais engraçado, fui me envolvendo e me prendendo. O cara gesticulava e falava igual ao Renato Russo (alto, palavrões, gírias, a maneira de cantar), então, percebi o momento da incorporação, quando o ator Bruce Gomlevsky se desprendia do seu “Eu” e encarnava o maior cantor e compositor do Rock Brasileiro da década de 80. Eu olhava para os lados e percebia, o mesmo olhar que o meu. Pois é! Realmente, eu estava impressionada com tal atuação, confesso que é difícil imitar alguém e ainda mais fazendo um “monólogo”, que é a minha preferência como peças de teatro.

A peça é simplesmente incrível! Assistir como era a vida da pessoa, os seus problemas e frustrações sendo interpretadas. Entre o intervalo das músicas e as atuações o mais interessante é que a peça me deixou tão entretida, que depois até perguntei para os amigos que foram comigo se a sensação deles era a mesma que tive de que, com o passar do tempo ali naquele período de quase duas horas, a voz do Bruce se tornara idêntica a do Renato. Você até acredita que é ele mesmo que está ali cantando e falando, sem imitação, que é real. Foi absurdamente espetacular sentir e ver isso. Era simbólico ver Bruce se alisando, deitando no chão e se arrastando como Renato fazia em diversos shows já vistos. Cheguei a chorar quando vi, tamanha a crença no que estava assistindo.

Bruce coloca na veia no espectador toda a história de Renato. Entre linhas, conta primeiramente sobre sua vida no Rio de Janeiro, depois sua ida para os EUA com a família, o que explica seu inglês fluentemente. Conta quando voltou a morar um tempo no Rio de Janeiro e sua família resolve ir para Brasília. Com 15 anos descobriu-se que Renato possuía uma doença rara chamada “epitisiólise” (uma doença óssea), em que ele passa um bom tempo na cadeira de rodas e deitado, sem nenhum movimento. Logo depois, ele viera a descobrir que tinha que transformar suas poesias e que poderia transformá-las em músicas, o que dava mais motivação para sua melhora. Em seguida o envolvimento com drogas, mulheres, homens. Sua inserção na primeira banda chamada “Aborto Elétrico” (antes da Legião) com Felipe Lemos e André Pretorius. Um profeta que antevia tudo o que podia acontecer de uma situação que ele convivia ou veria um tempo depois.

A cada passagem que o Renato teve em sua vida, ele escrevia uma história e transformava em música como Eduardo e Mônica, Geração Coca-Cola, Ainda é Cedo, Tempo Perdido, Será... Toda essa mistura dava o sucesso da Legião Urbana com Marcelo Bonfá, Renato Rocha, Dados Villa-Lobos e o próprio Renato Russo... Começaram os diversos shows por Brasília, que era a cidade do desespero para bandas de rock, pois a educação era pouca para dias de eventos... Muita revolta, década dos anos 80, jovens totalmente rebeldes, não tinham limites e nem noção para assistir ao show e mesmo eles sendo a banda de rock brasileira mais famosa daquela época, também não passavam batidos pela injúria da galera de Brasília... Em homenagem, a todo esse transtorno ele fez a música “Que país é esse?”, na qual relatava que ninguém respeitava a constituição e mesmo assim acreditava no futuro da nação, um fato que acho que até ele mesmo acreditava.

Em outro momento de frustração, Renato resolve ir para fora do Brasil, pois dizia que aqui não havia mais respeito pelos músicos e que não estava dando dinheiro, porque os shows estavam totalmente defasados e ele precisava se distanciar para trazer um novo trabalho. Nos EUA, conhece Scott que se torna seu amigo e o leva para o mundo da heroína. Renato acaba se apaixonando por Scott com quem ficou um bom tempo.

Com a queda das poupanças do Governo Collor, ele diz que tem que voltar, pois teria que fazer algo, levantar uma grana com shows. Estava começando a falir, a venda de seu cd italiano ainda não havia feito tanto sucesso e também porque descobriu que seu filho havia nascido e que a mãe dele havia morrido, ele pede a Scott que volte com ele para o Brasil. Chegando aqui, ele pega seu filho recém-nascido assume sua paternidade, leva-o para a família e assume também sua homossexualidade, tornando-a pública. Depois ele faz a música, Pais e Filhos em homenagem ao nascimento do seu filho em que relata que a mãe da criança se atirou de uma janela... Com depressão pós parto (acho que era isso)...

Gravou mais dois cds antes de vir a falecer, o italiano, totalmente dedicado ao Scott e mais um com a Legião. Logo depois, entra em depressão profunda devido a sua crise amorosa, compondo a música de sucesso nacional Vento no Litoral.

Diante de tudo que redigi, subtende-se que uma pessoa (que no caso sou eu), que não sabia nada da história da vida de Renato Russo, hoje pode contar a vida dele, porque parece que sentei com ele durante uma entrevista de duas horas e agora faço parte do vínculo de amizade de Renato Russo. Isso se dá, por um trabalho tão perfeito feito pelo ator Bruce depois de uma pesquisa de mais de 5 anos e com o apoio total da própria família de Renato. Tive a oportunidade de trocar uma idéia bem rápida com o Bruce onde eu soube desse detalhe da pesquisa dele e como ele montou a sua equipe. Hoje na verdade a venda da peça, quase nem acontece mais, pois já é contratada automaticamente. Se o cara quiser ficar fazendo isso a vida toda, tá feito.

O mais interessante foi conversar depois com a equipe e saber da receptividade da peça em cada cidade. Eles disseram que no Rio de Janeiro todos os dias esgotam, mas que é mais impressionante quando fazem show no Centro-Oeste, Sul e Nordeste, onde as pessoas não ficam sentadas como em um teatro normal, eles se levantam, pulam e cantam como se fosse mesmo um show da Legião e que por diversas vezes o Bruce acredita ser o próprio Renato e estende o show cantando diversas músicas pedidas pelo próprio público.

Quando eu gosto de um trabalho também procuro pesquisar sobre, saber mais e ainda sim, espalhar para todos, o quanto é bom e vale à pena gastar uma grana para assistir uma peça que está campeã de bilheteria pela 3ª vez na cidade do Rio de Janeiro, no Teatro João Caetano. Dirigida por Mauro Mendonça Filho que dito por ele, o ator Bruce Gomlevsky, “recria a alma, e não a imita".






Jô Cardozo

aluna da oficina de teatro da Cia. Tumulto
jo_cine_roteirista@oi.com.br



Visite o site:
http://www.renatorusso.com.br/